quarta-feira, 27 de julho de 2016

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA CRISTÃ

Ficamos horrorizados ao ver a quantidade de pessoas cristãos que estão sendo barbaramente assassinadas em países islâmicos. Porque tanta intolerância? Porque tantas pessoas cristãos têm morrido? Nos vem a pergunta, e nós cristãos somos esvaziados dessa coisa chamada intolerância?
Nações, facções, grupos políticos e até mesmo famílias entram em guerra uns com os outros para satisfazerem sua ganância, orgulho e ciúmes. Permitem soltar a raiva na esperança do poder. Nos conflitos religiosos há pouca diferença; há, de certo, uma pitada extra de martírio e uma sensação de recompensa divina que as empurram para frente. Mas há um preço. Estes conflitos causam deterioração nas almas e mentes das pessoas. Os/as participantes não pensam nas consequências de humilhar, maltratar e até mesmo tirar a vida de outra pessoa, lutam como se não tivessem nada a perder. É exatamente neste momento que começa a perca da moral e dos valores. São incapazes de ver seus inimigos como humanos, só os enxergam como pagãos infiéis e a encarnação de um mal que deve ser derrotado. Fanáticos, não dão aos outros o respeito e a dignidade condizente a um ser humano.

É a falta de tolerância que causou e causa os conflitos religiosos. Fanáticos são incapazes de aceitar que outros disputem as pessoas para adicioná-las a seus rebanhos. Isto certamente é verdade nos últimos anos aqui no Brasil. Os fundamentalistas se reúnem contra grupos sociais, com a desculpa de que Deus abomina tal comportamento. Como resultado, o conflito baseado na religião tem severamente prejudicado o andar de nossa sociedade, e, a única maneira de corrigir tudo isso é através do desenvolvimento da tolerância.

O que realmente está sendo danificado em nossa sociedade é a relação do cristianismo com outras religiões e outras populações. Infelizmente, a comunidade LGBT, Negra, Feministas e, principalmente as religiões de matrizes africanas estão se fechando para o diálogo por culpa do cristianismo fundamentalista.

O pior, é ver esses preconceitos chegarem às escolas. Crianças de matrizes africanas estão sendo chamadas de "adoradores do diabo", crianças LGBT de "viado", "sapatão". No campo da Educação Física as crianças sentem-se encurraladas o tempo todo. Nossa sociedade será verdadeiramente danificada se as crianças forem discriminadas por sua orientação sexual, raça, identidade de gênero e/ou religião.

Mas como podemos reparar os problemas de nossa sociedade?

Simplesmente a resposta é tolerância. Jesus pregou que não devemos julgar os/as outros/as, mas amá-los/las. Ele pregou a tolerância.
O profeta Maomé disse: "Você tem duas qualidades que Deus, o Excelso, gosta e ama. Uma delas é a brandura e a outra a tolerância" (Riade us-Saliheen, vol. 1, p.632). Muhammad estava dizendo que nossa capacidade de tolerar é um dom de Deus para nós, e, Deus quer que sejamos tolerantes uns/umas com os/as outros/outras, essa é a nossa melhor característica.
Cecília Huang, do Templo Zu Lai, de São Paulo afirma: "O importante não é a religião em si, mas sim o que ela influencia nas pessoas. Portanto somos ensinados a respeitar qualquer outra religião. Devemos lembrar que qualquer um tem a sua liberdade de escolher um culto".
A Iyalorixá Dora Barreto, do terreiro Ilê Axé T'Ojú Labá, diz: "O candomblé tem por princípio o acolhimento, receber bem, dar um rumo para as pessoas, esclarecer. Tenho grandes amigos de outras religiões. Com a tolerância, ganhamos a união. Todos ficam fortes. O ideal seria que se tivesse problema na minha casa, fosse conversar com um pastor ou com um padre para saber a opinião deles. Ouvindo a opinião de outras religiões, consegue-se fazer um melhor juízo".
Não há nenhuma razão para odiar alguém por ser quem é. Você pode até não gostar de uma pessoa, ou de sua personalidade, o que é, pelo menos mais razoável do que odiar alguém por causa de sua religião, ideologia, raça, orientação sexual ou identidade de gênero; pois essa pessoa está sendo julgada por suas ações originais, e não pelo que elas são. Embora muito melhor seja não odiar a pessoa em tudo. Olhe o que Martin Luther King disse em seu discurso "I Have a Dream". Ele disse que esperava que um dia seus filhos fossem julgados "pelo conteúdo de seu caráter". Nós também devemos julgar as pessoas "pelo conteúdo de seu caráter", se quisermos verdadeiramente ter paz com todos e todas. Temos de ser capazes de olhar para uma pessoa e ver o lado bom, bem como o mau, a fim de discernir o que essa pessoa verdadeiramente é. Há um dito muçulmano que diz: "Toda criação é a família de Deus, e a pessoa mais amada por Deus (é aquela) que é amável e gentil para com sua família". Temos de ser capazes de ver que a pessoa que odeio também é, esse vínculo humano comum que nos faz família, e por isso temos de ser capazes de perdoar e tolerar as outras pessoas.

No final, não devemos nos tornar o juiz da humanidade, devemos tolerar as outras pessoas apesar das diferenças. Somos todos seres humanos e todos temos falhas e grandezas dentro de nós mesmos. Não podemos, realmente ser o juiz de ninguém, pois todos nós temos diferentes mentes e pensamentos. Jesus diz: "Não julgueis segundo a aparência" (João 7:24). Isso é o que todas as pessoas devem fazer, não só por causa das pessoas que são discriminadas, mas para a reparação mais verdadeira da sociedade brasileira.

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