sexta-feira, 24 de julho de 2015

A BÍBLIA NÃO PRESCREVE APENAS UM MODELO DE CASAMENTO!


Muitos dizem ter a Bíblia como base em sua recusa de aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eles e elas afirmam: "Acredito que o casamento é entre um homem e uma mulher, pois assim diz a Bíblia."
No entanto, o casamento na Bíblia, assume várias formas. Ela não oferece um "modelo único" ou "uma única versão".
Na verdade, os casamentos bíblicos diferem muito significativamente das entendidas uniões contemporâneas entre homem e mulher.
É nítido que ela pode ser pautada pelo amor de um marido por sua esposa (Efésios 5:22). Mas, se formos copiar as normas sociais da época, os casamentos deveriam ser marcados pela submissão da esposa ao marido (Efésios 5:22-24). Ao contrário, o que vemos hoje é que muitas relações são marcadas por uma parceria e igualdade entre os cônjuges, em vez de uma submissão.
Comumente as uniões bíblicas eram arranjadas. Uma mulher "era dada" em casamento por seu pai (Lucas 20:28-34). O arranjo era muitas vezes mais motivado por uma aliança entre as famílias do que baseado em nossos valores de escolha individual, amor ou realização pessoal.

O casamento bíblico também podia ser fundamentado na violência. Se um soldado (homem) capturasse uma mulher em uma batalha, ele poderia se casar com ela um mês mais tarde, depois de seu sofrimento. Seu cativeiro e estupro são nomeados como "casamento". (Deuteronômio 21:11-24).
Uma mulher que fosse estuprada devia se casar com seu estuprador (Deuteronômio 22:28-29). Certamente ficamos amedrontados com esses cenários de casamentos bíblicos entre homem e mulher.

A Bíblia também se refere ao "casamento espiritual". O casal que se deu em matrimônio mas decide não ter sexo. Paulo reconhece os desafios de um homem permanecer como "virgem" (I Coríntios 7:37-38). "Virgem" é o significado literal da palavra grega, muitas vezes erroneamente traduzido como "noivo".

Refletindo sobre sua sociedade centrada no homem, Paulo ignora os desafios da mulher. Mas não desaprova seu casamento.

A Lei do Levirato também era uma forma bíblica de casamento (Deuteronômio 25:4-10; Mateus 22:23-33). Se um homem morresse sem produzir herdeiros, seu irmão devia se casar com sua esposa para que ela desse a luz um herdeiro masculino. O herdeiro continuaria com o nome, a linhagem e as posses do morto. É de si presumir que se o irmão fosse casado, ganharia outra esposa.

Uma outra forma de casamento bíblico é a poligamia, em que um homem possuí várias esposas ao mesmo tempo. Abraão, Gideon, Davi e Salomão estão entre os homens com mais esposas. Já não há nada que fale sobre uma mulher ter vários maridos.

Poderíamos falar em uma numerosa citação de relações, possivelmente íntimas, na Bíblia que não são reconhecidas como casamento, mas, como este é um breve resumo do complexo tema sobre se o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser validado, ficamos por aqui.
É nítido a imprecisão de fazermos apelos arrebatadores sobre o "casamento bíblico", como se suas sanções fossem apenas aquelas que entendemos hoje. Isso não é possível!

Temos de reconhecer que, como sociedade, rejeitamos alguns arranjos de casamentos bíblicos, como o da Lei do Levirato e os casamentos polígamos.
Não exigimos legalmente, graças a Deus, que as mulheres capturadas e/ou estupradas se casem com seus captores/estupradores.
Não temos uma decisão legal sobre "casamentos espirituais" ou "casamentos assexuados".

Como sociedade, abraçamos uma forma de casamento entre homem e mulher que compreenda uma livre escolha, através do amor e da parceria, não de uma hierarquia dominada pelos homens (há exceções).
Agora nossa sociedade tem reconhecido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. As passagens bíblicas frequentemente citadas contra as uniões do mesmo sexo referem-se predominantemente a relações do mundo antigo que diferiam significativamente dos atuais relacionamentos comprometidos através do amor.
Os textos bíblicos geralmente se referem a relações de pessoas do mesmo sexo marcada pelo poder explorador que abusava de jovens e escravos do sexo masculino.
Eles não se referem aos compromissos e relacionamentos amorosos que cumprem a forma base dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo que o mundo contemporâneo declara legal.


Baseado no texto de Warren Carter.

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