quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

DIA 10: JESUS DIANTE DO POVO (SÉRIE GAY DA PAIXÃO DE CRISTO.

10. Jesus diante do povo (de A Paixão de Cristo: Uma Visão Gay) por Douglas Blanchard


"Eis o homem!" - João 19:5 (RSV). Uma multidão enfurecida se confronta com um jovem Jesus sozinho, algemado e imóvel as sombras, antes dos fanáticos religiosos fazerem piquetes em frente ao tribunal em "Jesus diante do povo." Ele torce seu corpo, dá a outra face para a multidão que o assalta com insultos e ovos podres. Estão enfurecidos, gritando, agitando os punhos e cartazes com mensagens como "Deus odeia...". A última palavra está escondida para que o espectador possa preencher o vazio. Esta multidão de linchadores poderia se voltar contra qualquer grupo desfavorecido. Sua cabeça é aureolada por um sinal exigindo "Morte aos...". Outro sinal adverte: "O inferno é quente, quente, quente!" Alguém acrescenta um gesto obsceno levantando o dedo para Jesus. Um homem em uma cadeira de rodas aponta seu dedo indicador para os lados, sinalizando cortar sua garganta e jogar o fora. A polícia luta tentando parar a multidão hostil que quer matar Jesus ali mesmo. Ele vira as costas para o espectador, revelando marcas em sua camiseta esfarrapada. Ovos, tomates esmagado, e outros tipos de detritos estão no chão apos terem sido lançados contra Jesus. Mesmo a moldura do quadro parece está suja de ovos e lamaçal em um trompe l'oeil (enganar o olho) técnica artística. A única barreira entre a multidão e o espectador é Jesus. As palavras sobre os cartazes sugerem que Jesus é gay e é vaiado pelos fundamentalistas. Estes lembram os cartazes "Deus odeia bichas" feitos por fundamentalistas em funerais de Pessos Vivendo com Aids (Estados Unidos) e marchas do orgulho LGBT. "Jesus diante do povo" mostra o sofrimento de qualquer indivíduo pressionado por um grupo. Usam por Bode Expiatório pessoas vulneráveis, intimidando-as para manter o poder. Não, Blanchard não desumaniza os manifestantes ou recorre a estereótipos humilhantes. A multidão é multi-racial, mas todos do sexo masculino, o que é realista com relação a violência de massa nas ruas. Esta pintura atualiza o episódio bíblico em que Jesus anda diante da multidão sedenta de sangue após ser chicoteado. Pilatos, o governador romano, exibi Jesus espancado para a multidão, exclamando: "Eis o homem!" Eles respondem gritando: "Crucifica-o!". A cena é ainda mais trágica, pois as multidões haviam adorado Jesus menos de uma semana antes, ao entrar na cidade. Mas os inimigos de Jesus conseguiram agitar suficientemente a opinião pública fazendo-a odiá-lo e o transformar em anti-herói. Em todos os quatro evangelhos Pilatos cede à multidão. Ele usa frases que relutam levar Jesus à morte, tentando fugir da responsabilidade, jogando a culpa sobre o povo. No evangelho de Mateus, ele literalmente lava as mãos frente a multidão em um ritual para purificar-se da culpa. Intérpretes posteriores vêem o retrato simpático de Pilatos como uma tentativa de encobrir o papel do governo romano na morte de Jesus. A cena foi usada para abastecer anti-semitismo quando os judeus foram usados como bodes expiatórios do "assassinato de Cristo", apesar do fato de que o próprio Jesus tenha sido judeu, assim como seus apóstolos. A multidão em Jerusalém foi batendo nele, em erupção em uma violência horizontal que muitas vezes acontece entre as pessoas oprimidas, incluindo a comunidade LGBT. Muitos artistas pintaram a cena que é conhecida por historiadores da arte pela frase em latim "Ecce Homo" que normalmente é traduzida como "Eis o homem." Como muitas imagens da Paixão, o tema Ecce Homo apareceu pela primeira vez na arte em torno do século 10. Foi encenada nas encenações da Paixão em teatros medievais e se popularizou no Renascimento, representado não só em ciclos da paixão, mas também em retábulos e em grupos escultóricos. A maioria seguiu o mesmo padrão, mostrando Jesus, Pilatos, e a multidão incontrolável em uma arquitetura da cidade de Jerusalém. Artistas ocasionalmente incluíram o auto-retrato de Cristo ou dos membros da multidão. Às vezes, viraram a mesa contra multidão. O pintor holandês Hieronymus Bosch do início da Renascença causou vingança contra a facção anti-Jesus, transformando seus rostos em caricaturas feias. Durante o final do Renascimento os artistas começaraam a mostrar Jesus sozinho em cena no Homo Ecce. Eles criaram um novo tema chamado Homem de Dores, e mostraram um close do rosto angustiado e da parte superior do corpo de Jesus quando era apresentado a seus detratores. A versão de Blanchard leva a iconografia na direção oposta, ampliando a multidão e colocando Jesus longe do espectador. Os artistas modernos adaptaram o tema Ecce Homo para expressar de outras formas o sofrimento humano e degradação. Expressionistas alemães pareciam ter uma afinidade especial com o tema. Otto Dix ilustra a brutalidade da guerra em "Ecce Homo com um Auto Semelhança atrás do arame farpado" e George Grosz satirizou a ganância humana, luxúria e crueldade com o seu "Ecce Homo" coleção de vinhetas de 1920 em Berlim. Na contemporaneidade a palavra homo Latina presta-se naturalmente a interpretações LGBT. A fotógrafa sueca Elisabeth Ohlson Wallin usou-o como o nome para sua famosa série de fotos de 1998 recriando a vida de Cristo com modelos LGBT. Ecce Homo se tornou um trocadilho que significa tanto "Eis o homem" como "Eis o homossexual". 



"Eles gritavam: "Crucifica-o!" - Lucas 23:21 (RSV).

A rapidez com que as pessoas se voltaram contra Jesus! Menos de uma semana atrás as multidões o adoravam. Agora, uma multidão estava la fora, sedenta exigindo do governo a sua morte. Pilatos, o magistrado, queria acima de tudo manter a segurança. Ele leva Jesus diante da multidão irritada. Eles gritam com o aumento da agitação: "Crucifica-o!". Os chefes dos sacerdotes incitam a multidão, com veemência acusando Jesus de todos os tipos de pecados. "Ele é um traidor! Queime no inferno". Suas palavras ainda ecoam hoje, quando fundamentalistas afirmam mentiras cruéis: "Deus odeia gays! Morte as bichas!". O magistrado viu que o tumulto começava. Uma pessoa teve que morrer para manter a paz, então o fim justificam os meios. Culpa ou inocência não era parte da equação. O magistrado concordou com as exigências da multidão. E ordenou a execução de Jesus.

Jesus, como posso encontrar ódio com o amor?

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